A CIDADE E A MÚSICA. Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa

Autoria: André Salgueiro Martins

Orientação: José Neves

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa - Escola de Tecnologias e Arquitectura

Finalista

Memória descritiva

A Escola de Música do Conservatório de Lisboa Nacional é o resultado de múltiplas transformações que o antigo Convento dos Caetanos sofreu desde a sua fundação, no Século XVII. Situado no Bairro Alto este conjunto edificado acompanha uma transição de cotas entre a Rua do Século e a Rua dos Caetanos, em condição de domínio sobre a topografia, à semelhança  de outros edifícios notáveis da cidade.  Por um lado, o edifício,actualmente,encontra-se degradado e inadequado ao uso a que é destinado, por outro lado, os espaços urbanos que o envolvem encontram-se por sedimentar.

O programa prevê a reconstituição da escola de música, integrando o ensino básico e secundário unificado, entre o 5º e o 12º ano.

Procurando-se conferir uma nova unidade ao construído e, simultaneamente, clarificar a relação urbana e funcional deste com a cidade envolvente o projecto desenvolve-se em três frentes estratégicas:

–  A intervenção no edifício pré-existente, a ampliação do edifício pré-existente com a introdução de novos elementos e a requalificação dos espaços urbanos envolventes.

A intervenção no edifício pré-existente, pretende dar continuidade e revelar o que foi omitido pelas diversas intervenções ao longo da história. Restaurando elementos construtivos, estruturais e espaciais com maior valor arquitectónico e reformulando as valências funcionais do edifício que passa a dedicar-se integralmente ao ensino unificado, identificando as relações com a cidade e entre partes constituintes do programa.

Propõe-se assim, como intervenção principal, a demolição de um corpo central, de construção mais recente, que atravessa o antigo claustro, reconstituindo a sua planta quadrangular original. Deste modo, o antigo pátio – o recreio da escola – passa a estar limitado a Norte por um novo corpo, prolongando-se através da nova sala de convívio, a Poente, para o recreio exterior,  aberto para a cidade e o rio. Neste novo corpo,  concentram-se os acessos verticais (escadas e elevadores) e os serviços e equipamentos indispensáveis  (instalações sanitárias, equipamentos técnicos, cacifos, etc.) que servem o edifício antigo da escola, salvaguardando a sua integridade física e estrutural.

A ampliação do edifício pré-existente dá resposta, de uma forma directa, aos requisitos técnicos complexos  associados ao ensino especializado da música e aos grandes espaços de representação da escola (auditório, sala de conferências, salas de aula, etc.).

Esta parte nova do edifício é servida por um corpo com as mesmas características, valências e funções do corpo técnico inserido no edifício existente, e localizado na sua continuidade, formando um grande eixo de circulação que relaciona interiormente o corpo novo – a escola de música – e o corpo existente – a escola básica e secundária.

A presença urbana desta ampliação, corresponde a um volume em betão branco desactivado, prolongando o embasamento em pedra lioz da fachada neoclássica do edifício existente, assumindo simultaneamente uma continuidade formal e um contraste entre as matérias que constituem os dois corpos projectados em épocas distintas.