Fragmentos da Cidade. Imagens de Arquitetura, do Espaço e da Memória

Autoria: Raquel Pelicano Teixeira Lagoa
Orientação: Pedro Leão Ramos Ferreira Neto
Co-Orientador:
Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto
Memória descritiva
O projeto apresentado anuncia uma investigação que, ancorada à abstração e a um conjunto de pensamentos disruptivos e insondáveis, tem em vista descodificar o enigma do real, onde arquitetura e cidade convergem. Um abandono momentâneo do mundo físico promove a tangência com a arte e imagem, respetivos autores e obras que conservam o melhor dos dois mundos, material e imaterial.
Fragmentos dispersos e imagens com vontade própria dominam a camada da inconsciência como vestígios e nuances da arquitetura e cidade que nunca nos permitem abandoná-las, física e espiritualmente. Concebido enquanto arquivo do presente, este projeto cria um espaço inédito entre o real e a ficção, onde a utopia emerge enquanto método de pensar a cidade, antecipando uma futura prática em arquitetura.
Idêntica à ambição de Walter Benjamin, a dissertação aspira a uma ‘obra feita de fragmentos’ que se alastram da forma ao conteúdo, da estrutura ao método. Fragmentos que refletem o processo de desconstrução do real e a urgência de construção de uma nova imagem de cidade.
A intenção de produzir um movimento contra o real estático e imóvel concretiza-se no deambular entre capítulos, através de imagens e obras que enriquecem o estudo crítico e inovador sobre a arquitetura e a sua circunstância atual.
A narrativa, que parte da utopia para chegar ao real, centraliza a ação no resgate de fragmentos da banalidade do quotidiano, que transitam da memória para o consciente, tornando-se visíveis e úteis enquanto instrumentos do pensamento arquitetónico, imagens que se projetam e nos projetam para lá do espaço real da cidade.
Enquanto estratégia de projeto, a colagem permite movimentar, criar ou apagar elementos da história, redesenhar cenários presentes ou imaginar os do futuro. Possíveis ou impossíveis no universo do real, estas imagens fictícias são um motor de inspiração e uma arma de crítica, alternativa ao discurso que, limitado às palavras, é muitas vezes ignorado ou esquecido no contexto das cidades.