Do Pó, Ao Pó. Crematório da Cidade da Beira

Autoria: Duarte Miguel Domingos Franco da Rosa
Orientação: Miguel Baptista-Bastos
Co-Orientador: Jorge Luís Firmino Nunes
Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa
Memória descritiva
A Cidade da Beira constitui um território fragilizado. Não só resulta de um processo de crescimento rápido como é constantemente ameaçada por desastres naturais, como o Ciclone Idai (2019), cuja ocorrência nivelou a urgência de responder à necessidade de habitação dos vivos com o tratamento dos mortos.
O facto de a mortalidade decorrente desta calamidade ter sido acentuada por lacunas do plano original, de José Porto, principia um desafio. Embora haja uma paisagem distinta que se consolidou, com um património arquitetónico notável no âmbito da Arquitetura Moderna Tropical, é também clara a deficiência de estratégias que minimizem o impacto deste tipo de catástrofes.
Há, então, a tarefa de conciliar a imagem da cidade existente com uma proposta de desenho urbano que completasse um plano inacabado e defeituoso.
A propósito do mesmo problema, propõe-se uma tipologia que suscita um problema complementar e que implica uma compreensão e desconstrução da cultura moçambicana e respetiva visão perante o tema da Morte. A partir desta é possível estruturar um ritual, sob a forma de uma solução arquitetónica, em que se compatibiliza a cremação com uma visão assente em crenças e práticas específicas.
Ao mesmo tempo, é feita uma análise profunda da evolução da Arquitetura Fúnebre, que estabelece uma correspondência entre a habitação e os artefactos da morte. Assim, também é realizado um estudo sobre a evolução do modelo de habitação tradicional moçambicano de modo a recolher os aspetos perenes ao longo da mesma e que se deveriam manifestar no equipamento desenvolvido. Sendo imperativa a proposição uma solução para o problema dos “vivos”, esta investigação serviu igualmente de base para o desenho de novos modelos de habitação.
É tanto a propósito da Vida, como a propósito da Morte, que este trabalho reúne uma investigação que põe em evidência várias dimensões deste território, no âmbito da Arquitetura.