ÁGUA SOBRE ÁGUA. Intervenção Urbana na Frente Ribeirinha de Santos

Autoria: Miguel Cavaleiro

Orientação: Miguel Baptista-Bastos

Universidade de Lisboa - Faculdade de Arquitectura

Menção honrosa

Memória descritiva

O presente ensaio propõe lançar bases para um discurso crítico acerca da crescente degradação da frente ribeirinha de Lisboa e do divórcio que há muito se instalou entre esta cidade e o rio. Com a construção do porto industrial no final do século XIX, a fisionomia de Lisboa, bem como a sua relação com o Tejo que sempre foi tão próxima, viu-se drasticamente alterada. Torna-se imperativo refletir sobre os espaços expectantes resultantes desta separação enquanto lugares de oportunidade, que reclamados para o domínio da cidade, constituem verdadeiros instrumentos de regeneração urbana.

O exercício de intervenção debruça- se simbolicamente na zona do Vale de Santos e Água sobre Água ganha forma através do desenvolvimento prático de uma proposta contemporânea que reclama o seu lugar enquanto marco na fachada ribeirinha, apresentando ainda assim, uma arquitectura relacional, de partilha e cruzamento. Inicia-se assim o estudo da água enquanto elemento preponderante na formação de espaço público e desenvolvimento das cidades, explorando o potencial e vertentes relacionais deste elemento na arquitetura.

Uma área entre a linha-de-comboio e o rio, à margem de uma cidade consolidada, que resulta do afastamento da linha de costa para a instalação de infraestruturas portuárias e posterior alargamento viário e ferroviário. Apesar de privilegiada pela sua localização, foi sendo conduzida ao abandono pelo declínio das atividades portuárias transformando-se num perpétuo espaço expectante. Desta forma, a primeira vontade, foi a de transformar o espaço num grande terraço coloquial – um espaço de índole pública e de relação entre as pessoas, Lisboa e o Tejo – contíguo a um equipamento público plurivalente que oferecesse a viabilidade de nos relacionarmos corpo-a-corpo com o rio. Neste sentido, as piscinas desportivas e lúdicas, emergem como programa congruente, ideólogo e pragmático.