CENTRO DE CONSERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO MARINHO. A Tradição como veículo para um discurso sobre a Contemporaneidade – Centro de Conservação do Património Marinho

Autoria: Sara Sadrudin

Orientação: Pedro Belo Ravara

Universidade de Lisboa - Faculdade de Arquitectura

Finalista

Memória descritiva

Localizada no norte de Moçambique, a Ilha de Moçambique é em 1991, classificada património mundial pela UNESCO. Desde então, assiste-se a um processo de consciencialização sobre o valor do seu património e da urgência da sua preservação.

Palco de complexas e diversas trocas culturais, vê traduzido no seu conjunto urbano e arquitectónico, os costumes e as tradições dos seus habitantes. Destacam-se as actividades ligadas ao mar. As técnicas pesqueiras, a produção das embarcações e a exploração subaquática são exemplos de práticas que marcam o quotidiano na Ilha. Porém, devido ao estado de degradação do património, da escassez de recursos e extrema pobreza estas tradições vão perdendo continuidade e observa-se uma crescente sobre-exploração dos recursos naturais.

Deste modo, parte-se de uma iniciativa real da Cooperação Portuguesa, propõem-se a reconversão dos edifícios do conjunto do Antigo Arsenal e Capitania, na cidade de Pedra e Cal. Surge assim a ideia do Centro de Conservação do Património Marinho. O programa estrutura-se através de três pátios principais: pátio da construção das embarcações (o mais público) o do restauro das embarcações e o do Centro de Investigação do Património Marinho (o mais privado).

A ideia principal da proposta prende-se com a consolidação e valorização não só das qualidades presentes no sítio mas, acima de tudo, da tradição e memória social dos seus habitantes, procurando criar espaços para o desenvolvimento da população e das técnicas artesanais locais, e não dar primazia ao turismo. Devido à escassez de recursos propõem-se que todas as intervenções sejam realizadas com materiais autóctones: na reabilitação com a pedra coralina local e as novas intervenções, em bloco de terra local compactado ou em solo-cimento.

A concepção do projecto é tida como um acto que visa potenciar o que já existe, pegando nas carências e nas necessidades locais para construir oportunidades reais.