Materialização de uma Memória Amputada. Proposta de Intervenção no Palácio de Manique do Intendente

Autoria: Inês Bernardo

Orientação: Luís Miguel Maldonado de Vasconcelos

Universidade de Coimbra - Faculdade de Ciências e Tecnologia | Mestrado integrado em Arquitectura

Finalista

Memória descritiva

Construído como peça central de um ambicioso plano urbano iluminista, o Palácio de Manique do Intendente é um fragmento de um sonho amputado pelo assassinato do seu promotor, Diogo Inácio de Pina Manique. Nunca terminado, foi ao longo do tempo alvo de furtos, adaptações e ampliações que alteraram em grande parte a sua fisionomia. Também a construção arbitrária envolvente contribuiu para que a relação do edifício com a vila se visse drasticamente alterada dos planos iniciais. Indiferente aos habitantes com os quais está há muito divorciado, não passa despercebido por quem ali é visitante. Imponente e monumental, o edifício setecentista, que permanece em ruína, constitui-se como um importante testemunho histórico e arquitetónico da época.   

À luz do programa REVIVE, torna-se imperativo refletir sobre esta herança expectante, reclamando-a para usufruto público. O exercício propõe a construção de um instrumento de regeneração urbana, social e económica numa readaptação às necessidades atuais. Materialização de uma memória amputada ganha forma através de uma proposta de intervenção sobre o construído que contrarie a tendente degradação deste património e do meio que o envolve, numa tentativa de completar e requalificar o edifício com um novo programa turístico regenerador do espaço e economicamente rentável. Através de uma transformação, ampliação e readaptação do Palácio a pousada, aliada a programas culturais, pretende-se promover um movimento de preservação do património existente, tendo como foco o envolvimento da comunidade e a capacitação para o albergue de um maior número de pessoas que venham a conhecer o edifício, o território e as suas gentes. Apesar de válido, o trabalho não pretende estabelecer conclusões definitivas, facilmente voláteis ou transitórias. Pretende-se, sim, que constitua uma base crítica para uma urgente requalificação deste património e de tantos outros que são parte integrante da nossa identidade e que permanecem à mercê da veemência do tempo.