Paesaggi Agricoli Ritrovati . Vivere insieme lo spazio urbano a partire dal cibo – Il caso di Lisbona

Autoria: Flora del Debbio

Orientação: Marta Sequeira

Universidade Autónoma de Lisboa | Mestrado integrado em Arquitectura

Finalista

Memória descritiva

Nos últimos anos, a tendência para uma mega urbanização a que se assiste à escala global, tem vindo a demonstrar de forma clara que o sistema alimentar que suporta a cidade contemporânea não é sustentável. Os centros urbanos perderam a ancestral relação de interdependência entre cidade e espaço agrícola produtivo, assente em modelos de circuito fechado, e contam cada vez mais com territórios exteriores à cidade para o seu abastecimento em alimentos, levantando questões de ordem ambiental, mas também social e económica.

Graças à sua particular condição geográfica e morfológica, a cidade de Lisboa tem conseguido manter um equilíbrio entre espaço construído e espaço cultivado ao longo da sua evolução, tendo conservado um marcado cunho agrícola até meados do século XIX.

Na freguesia de Marvila, localizada na zona oriental da cidade, os grandes vazios urbanos disseminados pelo território apresentam ainda hoje vestígios evidentes de um passado campestre. As profundas fracturas e barreiras existentes no território resultam da expansão urbana que, no último século, invadiu a antiga paisagem agrícola sem ter em consideração a natureza do solo e dos antigos terrenos produtivos. O passado rural de Marvila e os vestígios que dele existem hoje no território, convidam, assim, a reflectir sobre a possibilidade de propor tipologias de espaços ligados à produção de alimentos: espaços que representem ganhos nos planos ecológico, social e económico, e que surjam numa linha de continuidade com as tradições agrícolas locais. Os alimentos, em qualquer das fases do sistema alimentar – da produção ao tratamento dos resíduos – tornam-se assim no elemento estruturante que preside à definição do projecto de arquitectura. Os espaços propostos, da escala da casa à escala urbana, dão resposta às necessidades programáticas e funcionais do modelo da cadeia curta, que tem na sua base o estabelecimento de uma relação de proximidade entre produtor e consumidor, ou seja, entre a horta e a habitação. Deste modo, o projecto procura repôr um sentido de unidade e de coerência urbana num território profundamente espartilhado e fragmentado e, simultaneamente, restabelecer um sentido comunitário entre os habitantes e uma relação com a produção de alimentos mais sustentável, capaz de recuperar vínculos perdidos no interior das cidades e das comunidades.