Quinta do Forte. Uma proposta de regeneração urbana na cidade de Évora

Autoria: Francisco Brito

Orientação: João Barros Matos

Universidade de Évora - Escola de Artes | Mestrado integrado em Arquitectura

Finalista

Memória descritiva

A cidade de Évora foi disputada ao longo da sua existência pela posição estratégica que assume no território português. Durante anos foi considerada a segunda cidade do reino, com a presença prolongada da Corte, o que deixou marcas importantes no património edificado.

A Quinta do forte, localizada no quadrante nordeste do Centro Histórico Eborense, é atualmente um espaço expectante que integra um dos maiores logradouros intramuros com relação direta com a muralha. No século XX, no âmbito das intervenções da DGEMN no perímetro muralhado, foram demolidas as estruturas que se encontravam adossadas ao lado exterior da Muralha, como era o caso do lavadouro, e foi encerrada a passagem pedonal que existia na extremidade norte da Quinta.

A proposta pretende unificar, através da intervenção no espaço público, o bairro intramuros e a Quinta do Forte, oferecendo à população um espaço verde na continuidade do anel verde exterior em torno da Muralha. As ruas pedonais propostas, que evocam a memória da rua como lugar de permanência, convidam ao caminhar como processo construtivo da cidade.

Na Quinta o projeto proporciona uma zona de comunhão entre artes, conhecimento e cultura, organizada por diferentes cotas que se relacionam com a monumentalidade da muralha e criam novas ligações com o tecido urbano. A proposta organiza-se em torno do vazio central que marca a zona que outrora foi uma horta. Este espaço dá lugar a um pátio escavado, em torno do qual se desenvolvem as salas de estudo e de trabalho em grupo. No centro, um espelho de água marca o topo da cisterna que se desenvolve no nível inferior e permite guardar as águas da chuva para regar o jardim nos dias quentes de verão. Nos momentos em que as reservas de água são menores, permite a realização de eventos, onde a musicalidade da água se funde com as entradas de luz zenital. As salas de estudo são amplas e adaptáveis, para que sejam multidisciplinares e possam receber eventos, exposições ou servir de apoio à população em situações que o justifiquem. O programa é complementado pela biblioteca, composta por distintos espaços de leitura e com uma luz moldada para maximizar a experiência dos utilizadores.

Este projeto capacita-se de um programa inexistente em Évora e que reúne a população e a comunidade académica num mesmo lugar.