REDESENHAR A CIDADE. Quarteirão para Memória Futura

Autoria: Renato Vicente Franco

Orientação: Rui Manuel Reis Alves

Universidade Lusíada de Lisboa - Faculdade de Arquitetura e Artes

Finalista

Memória descritiva

Localizado na Avenida Fontes Pereira de Melo, Lisboa, numa avenida que o seu início pretende ser uma imagem de inovação, com uma envolvente rica em diversidade tanto na época de construção dos edifícios, como nos seus materiais ou ainda nas suas dimensões, a avenida caracteriza-se maioritariamente por edifícios de escritórios ou de habitação, que utilizam materiais como o ferro, o vidro ou a pedra, e ainda outros como o azulejo ou o reboco pintado.

A avenida marcada pela fragmentação da construção, das conexões humanas ou entre as programáticas que não tiram partido do que de melhor a diversidade pode ter numa cidade moderna, a nossa intervenção procura conciliar passado, presente e futuro num quarteirão onde a sua posição estratégica na avenida poderá ser o aspecto determinante para consolidar uma “rede” já existente.

A proposta prende-se então com três grandes premissas, uma visão humanista, a necessidade de conexão dos vários fragmentos e ainda um sentido de continuidade histórica.

Na perspectiva humanista pretende-se reformular a deslocação pedonal, numa avenida onde o automóvel têm primazia, oferece-se um percurso alternativo pelo interior do quarteirão que pode continuar pelo interior do Palácio Sotto Maior e ligar à avenida da Liberdade, em que as conexões humanas e o conforto têm um papel preponderante, assim como as relações com espaços expositivos, de estadia ou comerciais, promovendo e adequando o percurso à vivência humana.

Existindo uma rede de estabelecimentos de ensino, locais de lazer e cultura – cinemas, teatros e bibliotecas – propõe-se através do quarteirão a perenidade destas vivências e a possibilidade de um lugar em que o utilizador possa estudar, trabalhar, pesquisar ou simplesmente descontrair. Isto numa visão mais alargada e pelo programa proposto, procura-se interligar população jovem e idosa, moradores, trabalhadores e utilizadores esporádicos da cidade (turistas), conferindo um núcleo hibrido e inclusivo.

Por fim sendo as cidades “seres” evolutivos e mutáveis, os edifícios serão os organismos que tornam a progressão possível, por isso propomos a recuperação dos edifícios existentes e a sua ampliação, assumindo a diferença arquitectónica temporal, mas que pela métrica (de 7 metros) e pela materialidade os uniformizará. Traduzindo-se materialmente a proposta na reabilitação das fachadas existentes com azulejo branco – um material antigo e já utilizado anteriormente, mas com uma perspectiva tonal moderna – e as ampliações e construções novas, revestidos a folha de chumbo (tom azul acinzentado) – material que ao longo do tempo tenderá para a cor branca, almejando a igualdade entre o antigo e o novo – pensando que futuramente serão ambos antigos e poderá existir um novo acrescento.

A proposta, conceptualmente, procura uma visão que transcende temporalmente o seu tempo e se constitui como unificação entre o passado e o presente, dando a possibilidade de continuidade futura, tanto a nível arquitectónico como de conexões humanas.