REGENERAÇÃO URBANA DA FRENTE RIBEIRINHA DE SANTOS. Um Olhar Sobre o Tejo

Autoria: Afonso Nunes da Silva

Orientação: José Aguiar

Universidade de Lisboa - Faculdade de Arquitectura

Finalista

Memória descritiva

Em finais do século XIX, a construção da linha ferroviária entre Lisboa e Cascais, juntamente com a construção de um aterro destinado a receber infraestruturas para o porto de Lisboa, veio alterar por completo a relação entre o rio e a cidade.

As atividades portuárias ocupavam a ‘praia’ de Lisboa e roubavam espaço para novas ideias e propósitos, deixando-a, na sua maioria, inacessível aos lisboetas que assim se viam obrigados a viver de costas para o rio. Mais tarde, com a reestruturação do porto, as instalações e os armazéns da marinha foram recolocados e os postos de importação e exportação foram relocalizados. As velhas infraestruturas portuárias foram abandonadas sem qualquer juízo ou sentença, deixando para trás reminiscências de um espaço activo e dinâmico.

É então necessário reflectir sobre esse espaço. Entender os seus problemas e procurar soluções e alternativas reais que possam alterar o seu futuro de uma forma sustentável. Caracterizar este lugar e devolvê-lo à cidade, através de um estudo e de um desenho que proponha uma redefinição das suas dinâmicas urbanas, garantindo desta forma, uma relação com a malha da cidade e uma ansiada apropriação deste território.

Neste sentido, Regeneração Urbana Da Frente Ribeirinha De Santos – Um Olhar Sobre O Tejo, propõe a criação de um elaborado espaço público destinado a Lisboa e aos seus visitantes. Representa, através da revinculação entre o Homem e a Água, a recuperação de uma lacuna cultural na sociedade portuguesa. Estabelece a vontade de narrar Lisboa, de evidenciar o belo, de afirmar a cidadania portuguesa no contexto marítimo e de proteger o efeito cenográfico que tudo isto produz.

Em modo de reflexão, Um Olhar Sobre O Tejo, estabelece o desejo de realizar de novo um espaço que já deteve comportamentos antropológicos. Poder-se-á considerar uma tentativa não só de devolver identidade ao lugar, mas principalmente à sociedade, numa noção de espaço público que se intitula pelo processo relacional dos indivíduos.

Uma mudança no espaço, assegurando a perceção e mantendo a memória, para que os visitantes de amanhã sejam atores em vez de espetadores e, numa mútua relação entre espaço construído e espaço vivido, possam afirmar Lisboa como Capital Europeia do Atlântico.