A Ruína, uma circunstância programática. Intervenção no Convento de São Francisco do Monte em Viana do Castelo

Autoria:Mariana Madureira Fonseca

Orientação:João Luís Rebelo Ferreira Marques

Universidade do Porto - Faculdade de Arquitectura | Mestrado integrado em Arquitectura

Universidade do Porto - Faculdade de Arquitectura | Mestrado integrado em Arquitectura

Memória descritiva

O Convento de São Francisco do Monte, localizado no limite urbano de Viana do Castelo, estabelece-se como objecto de estudo do trabalho, onde a ruína irá surgir como protagonista. A intervenção apresentada pretende reflectir acerca da memória do espaço, procurando-se desenvolver uma proposta capaz de evocar e potenciar o carácter do convento e, também, explorar os limites de um novo uso, num lugar que não serve mais o seu objectivo inicial mas que, no entanto, se mantém vivo e com uma forte relação com a população. Assim, e tendo em conta a potencialidade deste problema enquanto ideia de projecto, procurar-se-á explorar que sentido pode a vertente espiritual ter hoje, com um programa que defende manter viva a memória do uso de tempos passados e a comunhão com a natureza. O programa pretende, deste modo, comportar uma analogia pertinente com um uso que não é a reposição de uma condição original do convento pois esta já não é adequada à actualidade mas, por sua vez, um novo uso compatível com o estado de ruína enquanto premissa de intervenção.

Tendo em conta a natureza complexa da intervenção em edifícios de contexto histórico, o estudo desenvolve-se em torno de duas questões: qual o grau de intervenção na ruína quando pretendemos que esta seja protagonista, e como construir um programa alargado capaz de reconhecer estas mesmas circunstâncias. Neste sentido, coloca-se em questão o modo como deve o arquitecto intervir no património e como podemos dar continuidade a um diálogo que incite uma reflexão e um questionar do modo como o vemos e gerimos. Neste caso, e tendo em conta a dimensão pública que o convento adquire espoletado pela sua ruína, o diálogo deve permitir a partilha de várias áreas de saber e intervenientes, seja proprietários, entidades municipais ou outras locais, ou comunidades que estabeleçam vínculos com o objecto patrimonial, que são aqui tidas em consideração na construção de uma proposta. A escolha de um novo programa irá surgir sobretudo a partir destes diálogos – testemunhos e entrevistas – , que simulam o pedido de uma proposta projectual para o convento, aproximando-nos de um cenário plausível e realista.

É na procura de uma relação coerente e contínua entre a ruína, representativa da memória do passado; o presente, capaz de reconhecer essa mesma memória; e o futuro, manifestado numa proposta actual, que o trabalho se estabelece.