A RUA RECONSTRUÍDA. Qualificação do Espaço Intersticial em Habitação Colectiva

Autoria: Marco Beltrão

Orientação: Patrícia Santos Pedrosa

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Finalista

Memória descritiva

N„o È novidade o facto da produÁ„o arquitectÛnica se ter vindo a tornar num processo cada vez mais visual. A exploraÁ„o das imagens como difus„o da arquitectura encontra-se todos os dias reflectida na regurgitaÁ„o contÌnua de projectos em sites como o ArchDaily. O tempo que temos para olhar para um projecto resume-se ao acariciar frenÈtico do scroll de um rato, que ocasionalmente sossega perante uma imagem mais apelativa. A difus„o dos instrumentos digitais na produÁ„o arquitectÛnica em vez de aumentar o tempo de exploraÁ„o e investigaÁ„o de um projecto transformou-o num processo mais r·pido e com prazos de entrega mais curtos. O tempo que actualmente se dedica ‡ reflex„o em arquitectura n„o È mais que o aval, dado pelo arquitecto ‡ sociedade, para a desacreditaÁ„o da profiss„o. A prÛpria forma como os trabalhos acadÈmicos finais tentam ser catalogados, de pr·ticos ou teÛricos, ajuda a perceber algumas das expectativas que se tem relativamente ‡ arquitectura – demarcando o distanciamento entre as duas. No entanto, todas as dissertaÁıes dadas como pr·ticas, a meu ver, n„o s„o mais do que representaÁıes de ideias, que nunca chegam a ser verdadeiramente postas em pr·tica. Todas essas representaÁıes, embora se apresentem sobre um discurso muito dependente das imagens, necessitam sempre da narrativa textual para conseguirem comunicar. N„o se pretende aqui questionar a capacidade de comunicaÁ„o de uma imagem mas antes uma sensibilizaÁ„o relativamente ao potencial que um texto pode ter. Tal como nas imagens, tambÈm com o texto nos È possÌvel simular ou manipular uma realidade, no entanto a utilizaÁ„o deste modo de representaÁ„o permite-nos ainda estimular a capacidade especulativa de cada um de nÛs, uma vez que n„o encerra a sua descriÁ„o, exclusivamente, aos elementos que apresenta. O receio de assumir o processo arquitectÛnico como algo teÛrico parece reflectir-se no medo de ver a arquitectura representada por algo de apreens„o n„o imediata. Todo este enfoque procura contextualizar um trabalho de investigaÁ„o n„o sÛ baseado em ensaios teÛricos mas tambÈm no desenvolvimento de um projecto como forma de chegar a algumas conclusıes. Assim sendo e mais do que a formalizaÁ„o de uma proposta encerrada na representaÁ„o de um objecto especÌfico, A Rua ReconstruÌda consiste na determinaÁ„o de algumas premissas capazes de contribuÌrem para a formulaÁ„o de um projecto urbano de habitaÁ„o, atento ao actual desfasamento entre sujeito e cidade, percebendo e mediando a transiÁ„o entre p˙blico e privado, sem fragilizar as suas finalidades.