CASAS NAS AMOREIRAS. À procura do novo ato de habitar

Autoria: Fábio Rodrigues Correia

Orientação: José Luís Saldanha

ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa Escola de Tecnologias e Arquitectura

Menção honrosa

Memória descritiva

Comecemos por analisar a cidade sob o ponto de vista social.
Atualmente, os jovens que pretendem habitar a cidade encontram muitos obstáculos em adquirir a sua habitação. Por um lado, a economia já não permite tanta facilidade ao crédito, e por outro, o parque habitacional devoluto continua a aumentar e a cidade, ao longo dos anos, torna-se cada vez mais fantasma e com espaços úteis sem que possam ter uma oportunidade de renascer.
Esta é a oportunidade!
É a altura de pensar numa nova forma de fazer cidade, fora dos moldes comuns que vigoraram nos últimos anos. Ocupar e cozinhar os retalhos que estão esquecidos no meio urbano e transformá-los, dando uma nova vida à cidade. Uma operação realizada por aqueles que querem fazer cidade, com apoio municipal, tornando-se construtores do seu bairro, sem que os diversos obstáculos impeçam a sua iniciativa. Assim, face ao desafio lançado pelos docentes optou-se, por pensar no programa como um objeto isolado da cidade. Não totalmente isolado, uma vez que cada peça insere-se num sistema urbano, mas como um objeto arquitetónico que dentro dos seus limites transforma a sua envolvente.

As casas
Hoje, o desenho da casa encontra-se totalmente compartimentado, entre os seus espaços não permitindo uma maior comunicação entre estes e os seres que habitam os espaços.
Procura-se um novo olhar para o habitar.
Não uma modificação da sua morfologia física da casa, mas uma nova espacialização entre os volumes essenciais que compõem a forma de habitar.
Propõe-se uma transformação ao longo das duas casas. Uma narrativa contada pela matéria etérica das experiências espaciais das casas. Aparentemente complexas do exterior, a transformação de todos os compartimentos (sala, cozinha, instalação sanitária e quarto) no final da narrativa metamórfica pretende desconstruir o estereótipo do habitar de hoje, de uma caixa de quatro paredes, e criar espacialidades intensas, fluídas, com uma maior comunicação entre todos os elementos essenciais do modo de habitar.

A casa ^^^
Aparentemente opaca e intransponível do seu exterior pretende-se uma casa que incite a vontade de descoberta no seu habitante. A vontade de descobrir o que esconde os grandes planos que sustentam casa iluminados pela luz celestial das suas pirâmides.
Esta casa trata-se de uma reabilitação de uma antiga garagem devoluta de um edifício público. Propõe-se manter as paredes que definem o lote adicionando três pirâmides que iluminam o interior ao mesmo tempo que permite aumentar em área útil o espaço de habitar.

A casa | |
Os limites físicos da casa libertam-se, das paredes opacas das suas divisões, tornando-a permeável ao olhar e à luz amarela de Kahn. Assim todo o espaço respira e comunica quer com todo o seu interior quer com o exterior. Ao longo do meio urbano da cidade de Lisboa ainda se vislumbram espaços de empenas cegas, que marcam a entrada para o interior dos logradouros / quintas. Este espaço útil que existe na cidade é uma ótima oportunidade de intervenção ocupando o vazio inútil com o volume de habitar.