LISBOA 2100. PROJECTAR A FRENTE RIBEIRINHA EM CENÁRIOS

Autoria: Joana Almeida

Orientação: Sérgio Barreiros Proença

Universidade Técnica de Lisboa - Faculdade de Arquitectura

Finalista

Memória descritiva

O presente trabalho visa o tratamento de um tema cada vez
mais presente no actual e futuro desenvolvimento das cidades ribeirinhas e
portu·rias. O Projecto Final ìLisboa 2100. Projectar a frente ribeirinha em cen·rios
de alteraÁıes clim·ticasî pretende criar uma vis„o prospectiva para a orla
ribeirinha de Lisboa, numa altura que diversos estudos apontam para uma subida
significativa do nÌvel do mar para o ano de 2100.
O tema pode ser entendido de duas formas, a primeira passa pela aplicaÁ„o de medidas
de adaptaÁ„o do tecido urbano ‡s novas mudanÁas previstas, a segunda encara a
quest„o como uma oportunidade para repensar a relaÁ„o construÌda ao longo de sÈculos
entre a cidade de Lisboa e o Tejo. Para tal È importante n„o sÛ identificar as zonas
priorit·rias de intervenÁ„o na frente ribeirinha, mas tambÈm encontrar para cada
espaÁo metodologias de adaptaÁ„o do tecido urbano de forma a minimizar o impacto da
subida do nÌvel do mar adequadas a cada contexto.
A proposta compreende a frente entre PedrouÁos/ BelÈm e o Parque das NaÁıes, e
dispıe-se inicialmente a analisar o impacto da subida do nÌvel mÈdio do mar na orla
ribeirinha da cidade de Lisboa, avanÁando a posteriori com o desenvolvimento de
cen·rios distintos com o propÛsito de construir o desenho de uma resposta formal
para a nova frente ribeirinha.
Reportando estas directivas para o trabalho pr·tico, o projecto assenta sobre um
conjunto princÌpios previamente estabelecidos. S„o estes: redesenhar a frente
ribeirinha tendo em conta a relaÁ„o que o tecido urbano mantÈm com o rio, quer seja
em termos vivenciais, culturais mas tambÈm ambientais e funcionais; devolver o rio ‡
cidade no sentido da sua prÛpria identidade como territÛrio; valorizar a frente
ribeirinha a partir de actividades econÛmicas e de recreio; alcanÁar uma correcta
integraÁ„o entre a cidade, ind˙stria e a actividade portu·ria; criar uma ligaÁ„o
pedonal e cicl·vel contÌnua disposta ao longo de toda a margem, para que habitantes
e visitantes possam usufruir de todos os espaÁos de que a frente dispıe sem
quaisquer restriÁıes; criar novas formas de mobilidade na cidade e meios de
transportes alternativos; e por ˙ltimo, mas n„o menos importante, preservar e
valorizar o patrimÛnio histÛrico e cultural importante para o reconhecimento da
imagem da cidade.
A soluÁ„o opta pela criaÁ„o de um canal interior ribeirinho disposto ao longo da
costa, e surge com o intuito de resolver duas questıes urbanas: a subida do nÌvel do
mar e a falta de relaÁ„o com o rio. ¿ semelhanÁa da gest„o praticada em paÌses como
a Holanda e a SuÈcia, ao longo do canal surgem ligaÁıes/pontes que far„o o acesso ao
rio e o suporte ‡ instalaÁ„o de comportas que dever„o ser colocadas criteriosamente
aquando da intersecÁ„o entre o canal e o rio.
O canal È duplamente um elemento de defesa e de articulaÁ„o entre a cidade e as
·guas do estu·rio do Tejo. Assim, este canal caracteriza-se como um importante
sistema de defesa contra a subida do nÌvel do mar, mas tambÈm estabelece uma nova
forma de mobilidade urbana mais sustent·vel com a introduÁ„o de diferentes modos de
transporte como os Canal Bus, Canal Boat Cruises, Water Taxis e Canal Bikes,
contribuindo para a dinamizaÁ„o e atractividade que se pretende conferir a toda a
frente ribeirinha.
O Terminal de Cruzeiros de Santa ApolÛnia apresenta-se como um exemplo pr·tico dos
princÌpios conceptuais enunciados, aplicando a arquitectura bioclim·tica, faz a
ponte entre uma gest„o mais autÛnoma de recursos e um espaÁo que se pretende
racional e operativo, afirmando-se ainda como motor de reaproximaÁ„o da cidade ao
rio.