MEMÓRIAS DE UM OUTRO TEJO. Regeneração Urbana no Sítio da Rocha Conde d’Óbidos

Autoria: Afonso Botelho

Orientação: António Pedro Pacheco

Universidade de Lisboa - Faculdade de Arquitectura

Menção honrosa

Memória descritiva

Este trabalho parte da constatação da degradação da zona ribeirinha da Lisboa e do divórcio que desde há muito existe entre a cidade e o rio. Torna-se urgente devolver o rio à cidade e às suas gentes. Este trabalho propõe-se contribuir para o debate público em torno da necessidade da recuperação da zona ribeirinha lisboeta. Com o fim de recuperar o rio e as suas memórias, propusemo-nos intervir na Rocha Conde d’Óbidos: desenhando uma rede composta pelo Museu de Arte Antiga, o conjunto das Tercenas, a gare-marítima e o estaleiro naval. O cenário do Tejo que hoje se pode observar é bastante diferente daquele que outrora existiu: num passado não muito distante encontrava-se um Tejo repleto de varinos, fragatas e catraios, com as suas velas enfunadas e proas coloridas. Procurando trazer de volta uma cultura que nos é familiar e distante ao mesmo tempo desenha-se como uma grande estrutura que funcione como um espaço que permita albergar, classificar e comunicar a informação para fazer perdurar a cultura do rio. A amarração ao sítio surge a partir da releitura contemporânea dos vocábulos dos edifícios característicos do lugar: o museu desenha-se a partir dos paradoxos de estereotómico e tectónico: sobre a plataforma trabalhada à semelhança das docas secas e dos recortes do muro de lioz apoia-se uma estrutura visualmente mais leve e regrada que cobre todo o espaço do museu. O edifício-museu não é pois apenas uma nave majestosa e um espaço expositivo; tão-pouco apenas matéria maciça subtraída para originar espaço, ou a leve cobertura que o cobre; mas também o vazio no seu interior central de grandes dimensões verticais, que é o verdadeiro pódio das embarcações e o objecto do imaginário do actor convidado a visitar a História do Tejo e da cidade.