O ESPAÇO MUSEOLÓGICO NUM CONTEXTO DE CRISE ECONÓMICA. Musealização da Necrópole Megalítica de Castro Laboreiro

Autoria: Pedro Miguel Santos

Orientação: Miguel Malheiro

Universidade Lusíada do Porto - Faculdade de Arquitetura e Artes

Finalista

Memória descritiva

“O Espaço Museológico num Contexto de Crise Económica”. Foi neste tema que a dissertação e respectivo caso prático que agora apresentamos, se desenvolveu.

A Necrópole Megalítica de Castro Laboreiro (Melgaço), com as suas necessidades de salvaguarda e interpretação, surgiu como uma oportunidade de estudo do programa museológico neste contexto. O sítio arqueológico, é então inserido num novo tipo de relação com o espaço expositivo, que se afasta da neutralidade e inflexibilidade das áreas museológicas tradicionais, criando simultaneamente novas oportunidades conceptuais e técnicas de grande contenção económica.

A partir de quatro princípios estudados na dissertação, o caso prático desenvolveu-se num sentido de grande aproximação entre o objecto exposto e o próprio espaço museológico. Primeiramente, o programa, o qual é essencial para a definição de escala e suas consequentes implicações nos custos de construção e manutenção, e obviamente pela inclusão ou não, de elementos dos quais poderão advir proveitos ou despesas económicas.

A espacialidade/limite, é outro parâmetro que marca definitivamente a forma de ocupação do espaço. Aqui, define-se ou não o limite entre interior e exterior e todas as consequências que daqui advêm, ou seja, presença ou não de climatização, caixilharias, isolamentos térmicos, etc.

O terceiro princípio, dispersão/interactividade, transfigura a forma como o visitante experiência a arquitectura, e como o programa dialoga com o objecto exposto. Este princípio, não só define se a experiência entre arquitectura e visitante é imediata ou não, como revela a existência ou inexistência de comunicação entre estes dois, e o próprio objecto exposto. Logo, este parâmetro pode determinar à arquitectura um papel educativo como acontece no presente caso prático.

Por último a materialidade, a qual é obviamente essencial para o controlo dos custos de construção e manutenção das estruturas. Este princípio comunica também intrinsecamente com os dois parâmetros anteriores. A espacialidade/limite influência directamente os materiais utilizados, e a dispersão/interactividade é influenciada pelos materiais presentes nas estruturas, definindo as ambiências e comunicando com o objecto exposto.

A presente necrópole, implanta de uma forma dispersa 75 mamoas (elevações de terra que cobrem essencialmente dólmens do Neolítico) pelos 30 km2 da Zona Planáltica de Castro Laboreiro. Facto que a par do princípio da dispersão/interactividade, conduziu a nossa proposta a dividir infra-estruturas quer expositivas, quer de apoio ao visitante de uma forma constante ao longo de um percurso. Assim a proposta consiste em vários elementos espalhados pela paisagem, que de forma a criar um ritmo que mantenha uma motivação e orientação constante no visitante, distam entre si aproximadamente uma hora de viagem. Existem assim 6 elementos ao longo do percurso, dois núcleos expositivos, um refúgio nocturno e três pequenos pontos de paragem e descanso.

Estes elementos assumem através do princípio dispersão/interactividade um papel educativo, tornando-se assim objectos híbridos através da junção entre a própria arquitectura e o objecto exposto. Vários signos presentes na arquitectura dos dólmens são portanto transferidos para os espaços museológicos, desde a reinterpretação da antecâmara destes no núcleo 1, até à abordagem da relação esteio/mesa (elementos constituintes do dólmen) nos vários pontos de descanso.

Para além deste carácter educativo, a proposta através dos princípios da materialidade e espacialidade/limite, assume duas formas de marcar o lugar. Uma primeira de índole permanente que adopta as marcas do tempo, com uma relação material e espacial térrea, e outra de ambiência e materialidade efémera. Com esta abordagem pretendemos acima de tudo que as estruturas se assumam intemporais, e não utilizem elementos característicos de uma determinada época como caixilharias e outros sistemas mecânicos, aproximando-se assim do ambiente térreo das mamoas (que consequentemente ambienta o visitante ao Genius Loci) e permitindo também um maior controlo económico na construção e manutenção destas estruturas.