REABILITAÇÃO DO MOSTEIRO DE SÃO SALVADOR DE GRIJÓ

Autoria: Helena Raimundo

Orientação: João Carreira

Escola Superior Artística do Porto - Departamento de Arquitectura

Finalista

Memória descritiva

Tudo começou em 922, quando dois irmãos clérigos ergueram um pequeno templo de adoração a Santo Agostinho, aquando o Condado Portucalense ainda não havia sido formado. A pequena construção, pelos séculos até à actualidade, apresenta uma cronologia evolutiva entre tumultos e progressos, que resultam no que hoje se presencia e se designa de Mosteiro de São Salvador de Grijó.

A origem, o desenvolvimento e a visibilidade da Freguesia de Grijó, Vila Nova de Gaia, deve-se ao conjunto monástico que é estimado, protegido e glorificado pela comunidade, que usufrui dos seus espaços públicos exteriores e interiores.

As várias intervenções construtivas de que o mosteiro foi alvo, expõem um edifício desgastado fragmentado, onde a sua cerca já não lhe pertence, revelando falhas e desaparecimento de elementos construtivos e eixos de ligação e planos de consolidação recentes, não pensados e não conciliados com a pré-existência.

A proposta de reabilitação, com um novo programa, através das respostas às dúvidas encontradas durante a organização de ideias e conceitos e a realização do projecto final, fomentou conhecimentos, interesses e curiosidades numa intervenção que visa interligar da melhor forma o pré-existente ao novo programa e respectivas funcionalidades e missões.

Previamente a uma adição ou subtração no mosteiro, há que reconhecer o valor de cada espaço e avaliar qual a capacidade e potencialidade para albergar e associar novos elementos do tempo presente, sem descaracterizar ou criar discordâncias entre o antigo e o recente.

Os novos elementos inseridos no existente, fora ou dentro dos espaços do mosteiro, que adaptam, reutilizam e asseguram as necessidades e funcionalidades do novo programa, são reversíveis, permitem a manutenção de grande parte da área do existente e orientam-se pelos limites originados pela malha do conjunto.

O projecto de intervenção e os novos materiais interagem e salientam as pedras que elevam e ornamentam o mosteiro. Saber a natureza dos materiais é importante pois possibilita uma melhor e benéfica intervenção.

A arquitectura nas obras de reabilitação e restauro no Mosteiro em Grijó, tem um papel importante através da oportunidade que lhe é concebida de dar vida, ressuscitar espaços e reviver memórias de antigos edifícios e monumentos esquecidos ou degradados.

O trabalho origina então uma nova fase na já longa vida do Mosteiro de São Salvador de Grijó, e concede marguem a outras que poderão surgir.