Sines, um rossio na frente de água

Autoria: Fábio Antão

Orientação: Sofia Salema

Universidade de Évora - Escola de Artes | Mestrado integrado em Arquitectura

Menção honrosa

Memória descritiva

O projecto explora a capacidade de definir um lugar, com identidade própria, na articulação entre a terra e o mar. A proposta pretende clarificar um lugar, tido como amorfo, amplo e expectante, que existe actualmente entre a cidade de Sines e o porto, entre a terra e o mar. O terreno é limitado, a poente, pela cidade de Sines; a norte, pela topografia acidentada, a nascente, pelo porto; e a sul, pelo mar. A partir do redesenho da linha de costa, o espaço sugere um rossio e um molhe onde se incorporam elementos edificados: um apoia as actividades de mar, e outro, mais vertical, resolve os acessos a diferentes cotas. Por fim, um conjunto de naves permite incorporar um programa produtivo. A forma do arquétipo da casa surge na interpretação das tipologias vernaculares piscatórias e das frentes ribeirinhas portuguesas, cuja construção assume na proposta uma materialidade pétrea.

A proposta concentra-se na definição de um novo lugar, evocando a sua posição-limite, e incorpora na sua formalização o confronto de escalas entre o mar, a cidade, o rossio e o arquétipo da casa. Neste redesenho do limite explora-se também a compatibilização de uma produção com um programa associado ao lazer e cultura.

É nesta dualidade de um novo limite e equipamentos, que o rossio tenta adequar a escala da cidade e porto. O rossio pretende gerar um espaço comum aos diferentes equipamentos e actividades da cidade de Sines, diluindo as fronteiras administrativas e portuárias. A tipologia permite ainda uma reflexão construtiva, a adopção de uma matéria compósita para o pavimento do espaço público, que garante e resolve a iluminação do amplo espaço, a luz azul é suficiente para permitir a locomoção, evitando obstáculos verticais tais como postes de iluminação ou até mesmo sinalética. A luz evoca os lugares em posição limite, que foram iluminados por faróis para conduzir as embarcações, e pretende enaltecer a água azul do mar, que à noite é simbolicamente evocada para o rossio. É um lugar de memória de uso comum e partilhado.