Um novo espaço de educação para o bairro de Mavalane B em Maputo. Arquitetura como meio de inclusão social

Autoria: Francisca Queiroz Ribeiro

Orientação: João Magalhães Rocha

Universidade de Évora - Escola de Artes | Mestrado integrado em Arquitectura

Menção honrosa

Memória descritiva

O projeto prevê a construção de uma escola num espaço com cerca de 4240 m2 no bairro de Mavalane B, em Maputo, local de constante transformação, social e arquitetónica.

A ideia deste projeto surge das reais necessidades educativas e da falta de espaços arquitetónicos de qualidade para a comunidade. Pretende-se que este projeto utilize formas e materiais locais e que faça a ligação a um passado próximo que deve ser preservado e requalificado. Respeitam-se os caminhos em terra que são utilizados pela comunidade e estes definem também o perímetro do terreno e parte a matriz do projeto, que conjuga um espaço educacional com atividades que fomentem a inclusão social.

A vida social da rua define este país, e quando nos aproximamos dos bairros percebemos isso de uma forma mais verdadeira, por isso, este projeto é concebido com espaços complementares que permitem a participação ativa da comunidade em ações agrícolas e em oficinas, para além de uma sala polivalente disponível para outros eventos.

Este projeto está direcionado para crianças que vão frequentar a escola (1ª à 5ª classe) por isso esta arquitetura deve ser feita a pensar nelas de forma a cativá-las. O conceito deste projeto é um edifício feito por blocos – building blocks, um edifício fluído onde vários elementos são unificados pela cobertura, pelos bancos e pelos muros.

A fachada Oeste do edifício acompanha o limite do terreno, e a sua torção marca a entrada criando um momento especial onde cada um escolhe o seu caminho. O muro e a cobertura são duas estruturas independentes. O muro feito de tijolos de adobe, é um elemento de separação, de segurança e de filtro de ruído entre a escola e todo o espaço urbano envolvente, e apresenta características diferentes ao longo de todo o seu percurso e está presente em toda a vivência do edifício, transmitindo a ideia de um edifício rígido que se desmaterializa à medida que nos aproximamos do seu interior inclusive das cinco salas de aula e da biblioteca. A cobertura une todas as atividades interiores, criando espaços exteriores cobertos, protegendo o espaço do sol e da chuva.

Com a finalidade de maximizar a sustentabilidade construtiva, recorrer-se-á à mão de obra local, utilizando materiais tradicionais e técnicas conhecidas que melhoraram a impermeabilidade, a ventilação, a luz no seu interior e a recolha da água pluvial para cisternas.